Plenária de Mulheres, com participação do SINSERPU-JF, aponta importância da formação, da solidariedade e da atitude
Formação política, solidariedade, persistência e atitude. Estes foram os procedimentos que permearam a Plenária Estadual de Mulheres CUTistas, realizada na quarta-feira (21 de agosto), na sede da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) – com a presença do SINSERPU-JF, através da diretora administrativa Denise Medeiros e da conselheira fiscal Vera Lúcia Daniel (na foto principal, à esquerda, com a bandeira do Sindicato). A atividade foi celebrada como o início de uma série de ações que serão realizadas para ajudar a consolidar o empoderamento do gênero nas políticas partidária e sindical, superando as restrições impostas por uma sociedade em que predomina uma formação machista, patriarcal, racista e misógena. Durante os debates, enfatizou-se que o caminho ainda é longo e vai depender da união das mulheres em todos os setores da sociedade.
A atividade foi coordenada pela secretária-geral Lourdes Aparecida de Jesus e pela secretária da Mulher Trabalhadora, Maria Dorvalina Ferreira Medeiros. Compuseram a mesa a diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de Pouso Alegre e secretária de Igualdade Racial da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, Christiane Aparecida dos Santos; Rosane Silva, secretária Nacional de Autonomia Econômica e Políticas de Cuidados do Ministério das Mulheres e ex-secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Brasil. Participou virtualmente a atual titular da pasta, Amanda Gomes Corcino.
Durante a Plenária, que lotou auditório da sede da CUT/MG, ficou evidente inserção das mulheres em diretorias de entidades sindicais de categorias em que, historicamente, predominavam os homens. E, também, que as lutas levaram a conquistas como as cotas, a sororidade e a paridade, bem como de políticas públicas para que as mulheres tivessem condições de participar das atividades sindicais e políticas.
“As pautas das mulheres não são meramente específicas para o gênero. Estão inseridas na nossa realidade econômica. Estou muito feliz em ver várias caras novas aqui. Isso é importante e significativo. Mais sindicatos se filiaram à CUT e houve aumento na presença das mulheres. É no espaço no movimento sindical que começa a nossa construção política. Beatriz Cerqueira é um exemplo. Antes professora, hoje uma deputada estadual atuante”, analisou Rosane Silva.
“Com a nossa participação nestes espaços, sindical e político, temos mais chances de superar as dificuldades. Hoje, as mulheres são 64% das pessoas fora das forças de trabalho. E as que exercem trabalho formalizado recebe, 20% menos que os homens. E há ainda o recorte de raça. Os homens recebem salários 40% maiores do que as mulheres negras. As mulheres negras são a maioria das 6 milhões que estão no trabalho doméstico e que não recebem seus direitos. Acrescento que 52% das famílias no Brasil são chefiadas por mulheres. Este é o quadro das mulheres e precisamos mudar esta realidade”, afirmou.
“Para mudar esta realidade, precisamos vereadoras, mais deputas, mais senadoras e, quem sabe, eleger novamente uma presidenta. E, nesta trajetória, por uma sociedade justa e igualitária, enfrentamos a política do ódio. Muitas mulheres candidatas podem até deixar seus mandatos, por causa desta política. Precisamos mostrar que este lugar nos pertence, que temos os mesmos direitos que o ser humano que está ao nosso lado. Temos de entrar nestes espaços e permanecer para desconstruir esta estrutura patriarcal, que existe também no movimento sindical, elegendo mais mulheres para as secretarias e presidência das entidades”, salientou Rosane Silva.
Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Brasil, Amanda Gomes Corcino, estamos em uma conjuntura onde tentam impor que as mulheres devem estar em um espaço privado e não ocupar os espaços de poder da sociedade. “Temos que fazer a disputa em todos os setores. Ocupar mais espaços nas políticas partidária e sindical. Nossa importância na sociedade não se reflete na configuração destes espaços. Na Câmara Federal, elegemos apenas 91 mulheres entre os 513 deputados. No Senado, somos 15 em 81. Somos mais de 50% da população. É necessário eleger mais mulheres, mas não qualquer mulher. Têm que ser comprometidas com a nossa luta. No movimento sindical, conquistamos, com muita luta, a Secretaria de Mulheres, as cotas e a paridade. Mas é preciso avançar mais, ter mais presidentas e darmos prioridade na formação, na maior participação das mulheres, nos fóruns e nos debates e realizarmos mais atividades específicas”, definiu.
“Nós nos despusemos a defender a classe trabalhadora e os homens têm dificuldade de entender isso. Não lutamos somente pelas mulheres. E encontramos dificuldades para fazer esta luta, porque somos cobradas o tempo inteiro. Para nós, nada é fácil. Estamos sempre em um processo de disputa, seja externa ou interna. Temos que deixar de pensar para fora e pensar também para dentro. Enfrentamos muitos desafios. A sociedade só alcançará o modelo ideal quando estivermos inseridas em todos os espaços e tivermos voz. Quem tem que pensar e fazer a diferença somos nós”, analisou Christiane Aparecida dos Santos.
A Plenária Estadual de Mulheres CUTistas contou com ampla participação de mulheres de regiões diferentes de Minas Gerais e de diversas categorias. A atividade, que na opinião das participantes, deve orientar as lutas pelas pautas apresentadas no debate nos sindicatos e no espaço partidário, teve grande representação da classe trabalhadora CUTista.