Há exatos cinco anos começaram a chegar ao Brasil, vindos da China, relatos sobre uma “pneumonia de causas desconhecidas” – doença que, com o nome de Covid-19, matou cerca de sete milhões de pessoas (até quando se parou de divulgar a conta; o vírus ainda mata, só que não se contabiliza mais diariamente e sistematicamente).
É certo, porém, que não nos damos realmente conta dos fatos, mesmo que extraordinários, se contemporâneos a eles. Aconteceu assim, como exemplos, com a passagem do cometa Halley (tão esperado quanto fugaz) e com o fim do comunismo (reduzido à época por pedaços do muro de Berlin e uma certa carnavalização) – Só a posteriori tivemos a exata dimensão do ocorrido.
Também é certo que a passagem do tempo embevece o espírito. E que só graças a esse artifício conseguimos suportar erros e omissões, e principalmente as lembranças – só com o tempo transcorrido começaram a aparecer os filmes e livros sobre o período de extrema angústia da pandemia.
Neste período, o mais forte da praga, a imagem era invariavelmente a vista da ponte, que remetia um pouco ao filme do Sidney Lumet/peça de Arthur Miller, com sua pulsão da morte, outro tanto ao quadro de Munch, como expressão absoluta do desespero, mas principalmente à ponte de Galileia, onde íamos, os sobreviventes, assistir ao resgate de alguém tragado pelo Rio Doce – Naquela época, muito antes da Covid-19 e sem carros velozes, tragédia maior era se afogar no rio.
Desde aqueles tempos, as crianças bem criadas aprendiam a admirar os heróis anônimos, aqueles que se aventuravam nas águas do Rio Doce (que na Galileia era mais caudaloso) para salvar os vivos ou dar dignidade aos mortos. Ensinamento levado vida afora e colocado em prática na pandemia, quando o panorama visto da ponte era o dos profissionais de Saúde, empenhados ao extremo no cuidado, alheios ao pavor da possível contaminação e segurando a dor na alma, para não aparentar fraqueza.
Passados cinco anos – menos, se considerarmos o auge da pandemia – ainda não pagamos nossas dívidas com eles, os profissionais de Saúde. Continuam, vide o caso dos servidores públicos do setor, ainda à espera de uma valorização, que parece nunca vir. E que quando é esboçada, dá a impressão que vem “à prestação” (como no caso do piso salarial da enfermagem).
Que o ano novo embeveça o espírito das autoridades municipais e dos patrões da iniciativa privada, e que eles finalmente acertem essa “dívida” coletiva que temos com os servidores da Saúde. Não estarão fazendo favor algum, e, tenham certeza: ainda vamos precisar muito deles – pelo resto das nossas vidas.
Ailton Alves
Jornalista/assessor de imprensa do SINSERPU-JF
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